quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Solidão a dois, a três ou sozinho mesmo


Quanto você se completa? Esta pergunta é a chave para compreender sua relação com o outro.
Há pessoas que podem estar com um companheiro maravilhoso ao lado e mesmo assim se sentirem sozinhas. Podem então arrumar um amante para tentar suprir este espaço vazio, mas não funciona, pois continuam a sentir-se sozinhas. Podem constituir uma grande família ou ter muitos amigos ao redor, mas mesmo assim continuarem na solidão. Podem até largar mão de tudo e dizer “já que me sinto sozinho em qualquer situação, vou viver solitário mesmo”. Aí piora tudo.
O que falta então?
Procuram no trabalho, nas pessoas, no prazer, nos vícios e não acham. O que falta e onde está? Está dentro de você. É onde acontece o sentimento da solidão. Onde mora o vazio. Por mais que você tente preencher com companhias, não vai adiantar. E possivelmente a pessoa que estará ao seu lado se sentirá incapaz de suprir todas as suas necessidades - que  são muitas.
Quando você não enxerga que o problema é de ordem interna, passa a cobrar as soluções das pessoas que estão por perto, pois se busca a solução no outro e não em si mesmo.  Exemplo: “se minha esposa me desse mais carinho, talvez eu me sentisse mais amado e menos sozinho”, “Se eu tiver filhos talvez eu me sinta mais completo”, e por aí vai...
Provavelmente o seu companheiro já esteja dando o máximo que ele pode, e mesmo assim para você parece pouco. É porque nada de fora preenche um vazio interno. Esta solidão é o vazio existencial, o vazio de não se conhecer. Está diretamente ligado à baixa auto-estima, pois quem a tem elevada, sabe bem quem é e o que quer da vida. Conhece-se e gosta do que vê em si mesmo.
Quem é você? Do que você gosta?
Você já se fez estas perguntas? Não? Então está na hora.
Nascemos, crescemos, trabalhamos, formamos nossa família e vivemos o tempo todo em contato com o outro. Adquirimos conhecimentos e informações através do outro. O contato com outras pessoas é constante, e no meio deste turbilhão que acaba sendo nossas vidas, não temos tempo para a pessoa mais importante: nós mesmos.
O que você veste é realmente o que você gosta ou é a roupa mais apropriada para o seu trabalho? É com o que você se sente bem, ou você usa só porque está na moda?
Sua casa é decorada ao seu gosto, ou ao gosto da sua esposa (marido)? Você tem o carro do ano mesmo que seu desejo seja ter uma moto?
Você conversa seriamente sobre política e lê sobre economia nas horas vagas sendo que no fundo adoraria estar lendo um gibi ou montando uma miniatura de trem?
Acabamos vivendo o que o mundo espera que vivamos e não o que está de acordo com nossa essência. Com o tempo a nossa essência vai ficando nublada, embaçada até que nem consigamos mais vê-la e passamos a acreditar que o que vivemos é que é a nossa essência.  Percebe a ilusão que vivemos?
Nos separamos do que é mais precioso, nosso interior, nosso eu. Nos separamos do que nos conecta com a nossa natureza.
Assim acabamos por nos separar também do outro, pois se não nos conhecemos, dificilmente conheceremos o outro. Acabamos então com as portas abertas para as neuroses e depressões.
“Conhece-te a ti mesmo... e conhecerás o universo e os Deuses”. Esta inscrição está contida no portal do templo de Delphos e mostra que esta busca do homem data de milênios e até hoje ele precisa continuar tentando encontrar, pois esta é a chave para a vida plena e feliz. Analise novamente: Do que você gosta? O que o faz feliz? Quais são os seus dons naturais? Você já está colocando em prática? Você faz o que gosta? Quem é você?
Não procure fora algo que só poderá achar dentro.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

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