sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natal

Estamos caminhando para mais um final de ano. É um período onde, querendo ou não, reavaliamos nossa vida, pesamos como foi o ano que passou e vemos o saldo final do que foi bom e ruim.


Logo depois desse balanço, novas expectativas e novos desejos aparecem. O que não foi realizado ainda, sonhos e metas que sempre deixamos para depois voltam com alegria e força renovada.

Porque todo ano fazemos isso?

Porque as festas de fim de ano representam o final de um ciclo e o início de um novo. O Natal com o nascimento do Menino Jesus é o nascimento de uma nova vida. Nasce dentro de nós o desejo de uma vida diferente, a luz, a esperança de que nossa vida seja abençoada. Esta história é tão forte dentro de nós que todo Natal a vivenciamos como se Jesus tivesse nascendo de novo, e de novo, a cada dia 25 de dezembro. O bonito é que nascemos de novo a cada ano, junto com Ele.

A esperança de que o ano seguinte seja diferente reforça a necessidade deste renascimento. Nascendo de novo, poderemos começar do zero, fazer uma vida melhor, realizar coisas que sempre desejamos.

Nossa fé e confiança precisam ser renovadas, porque conforme o ano caminha, os muitos afazeres e o stress do dia a dia fazem com que nossa ligação com o alto sofra. Acabamos não dando tanta atenção à nossa vida espiritual. Saímos prejudicados, pois a fé é a nossa fonte de alimentação maior. Nos nutrimos com essa força. Quando a confiança em algo maior é abalada, enfraquece também a nossa confiança em nós mesmos.Ter fé em que algo maior nos guia e que estamos protegidos reacende a nossa chama de superação, e sentimos que tudo vai dar certo.

Pra mim o Natal é a época mais bonita do ano. Todas aquelas luzes, cores, e tem até um cheirinho especial. Toda casa se enfeita, monta árvore e presépio, tudo fica especial.

Observar um presépio é reavaliar nossos valores. Um casal pobre, com um filho na manjedoura, cercado de pastores e animais, é presenteado e reverenciado por três reis. O pequeno que é grande. O humilde que é sábio. O simples que completa tudo. Um ser valoroso. E o nosso valor, onde está? Será que buscamos essa transcendência também?

Já sabemos qual será o fim da história daquele menino, e nos arrependemos pelo mal que a raça humana fez a ele. Olhar aquela criança e saber disso nos faz olhar para a nossa criança interna, lembrar que um dia também fomos daquele tamanhinho, com aquela fragilidade. E depois que crescemos? Nos crucificamos, nos judiamos, pois esquecemos que aquela criança ainda habita em nós. Por que esquecemos que o bebê de nossas fotos de infância e nós somos a mesma pessoa? Você faria com um bebê o que faz com você hoje?

Do Natal até o Ano Novo, ficamos em um estado de latência. Você pode perceber que nos sentimos realmente “estranhos”. É neste período que todas as análises, todos os questionamentos estão se processando dentro de nós. Nossos conteúdos internos ficam em ebulição. Atingimos o ápice na passagem do ano, e explodimos num grande alívio. Festejamos, brindamos, comemos e dançamos, como o homem sempre fez em seus rituais desde a antiguidade. Modernizamos os rituais, vestimos uma roupa diferente, mas a essência é a mesma. Antes o homem dançava ao redor do fogo ao som de tambores, hoje vê fogos de artifício e dança ao som de outros instrumentos, inclusive o tambor. Podemos perceber que estes rituais fazem parte da humanidade há milênios. Eles são adaptados à época, mas não perdem a sua essência. É algo que já está impregnado em nós. Com eles nos conectamos aos nossos ancestrais, sentimos que somos parte da grande família humana.

Devemos sim comemorar, e muito. Pois temos muito a agradecer, muito a celebrar. A vida deve ser celebrada sempre. Quantas coisas maravilhosas nós recebemos.Quantas lições aprendemos. Quantos obstáculos superamos.Quanto amadurecemos. Quantas bênçãos recebemos todos os dias.

Muito obrigada, muito obrigada, muito obrigada por vocês fazerem parte da minha vida.

Feliz Natal pra todos e um maravilhoso Ano Novo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Transformação pela Dor

O ser humano tem o sofrimento como o maior professor de vida. Somente passando por vários estágios de dor é que podemos amadurecer e aprender. O diamante para ficar lindo tem que passar pelo doloroso processo de lapidação. O barro, para virar uma linda peça de cerâmica, passa pela dor do fogo transformador, assim também é com o aço e com o vidro e conosco. A cada problema ultrapassado, estamos sendo lapidados, polidos e transformados.


A dor nos exercita, alicerçando nosso íntimo nos deixando cada vez mais fortes para enfrentar a vida.


Para resolvermos um problema, somos obrigados a sair da cômoda posição em que nos encontramos no momento. A dor nos obriga a entrar em movimento para podermos resolvê-la, colocando em prática o exercício da inteligência, pois precisamos pensar, analisar e tentar solucionar o problema que a vida nos apresenta. Com esse movimento vem uma transformação que muitas vezes foi atrasada por nossa comodidade, e que precisou da dor para que ocorresse.


A dor traz a transformação mais profunda.


A dor causada por uma doença, por exemplo, nos mostra como somos frágeis. Nos traz a preciosa lição da humildade, pois na doença precisamos dos outros e qualquer atitude de orgulho precisará ser repensada. Muitos desafetos são esclarecidos quando podemos tomar conta do outro e deixamos o outro tomar conta de nós. Afinal, vivemos juntos em sociedade para que possamos tomar conta uns dos outros, nada mais natural.


A doença também nos traz a paciência e a resignação. Não adianta querermos sarar rápido, devemos aprender a lição do tempo. Toda doença tem seu próprio tempo de cura, independente do nosso querer. A humildade com paciência nos dá a noção de nossos limites. Muitas vezes ficamos doentes porque fomos negligentes com nossa saúde ou não respeitamos nossos limites achando que nunca nada de errado poderia acontecer conosco. A doença traz nossos pés para o chão e mostra que a realidade não é bem assim. Não possuímos controle de tudo, e não podemos brigar com a dor, devemos perceber e aceitar a nossa própria impotência.


O sofrimento pode vir com a morte de alguém querido. Neste momento de dor, repensamos quanto tempo foi perdido com briguinhas inúteis, ressentimentos e mágoas por tanto tempo guardadas. Pra quê? E as palavras que não foram ditas? Quanta coisa poderia ter sido relevada? A dor da perda nos mostra que devemos viver cada momento como se fosse o último e não deixar nada para depois. Resolva, fale, desculpe, desabafe. Nunca deixe um sentimento bom ou ruim guardado por mais de 24 horas.


O egoísmo some quando temos que repartir nossa dor com alguém. Sentimos a necessidade de sermos ouvidos e amparados quando nos sentimos frágeis e vulneráveis pela dor. Por mais forte que nosso aspecto exterior possa ser, existem momentos em nossa vida em que precisamos de colo.


A vida tem períodos difíceis e ninguém escapa disso. Não existe ninguém que não passe pela dor, mas existem maneiras diferentes de passar por ela. Podemos estar com o coração aberto para receber o ensinamento necessário e esta dor transforma-se em uma lição de amor ou podemos continuar lutando contra ela e sofrendo cada vez mais.
Maria de Fatima Hiss Olivares
Psicologa clínica





terça-feira, 26 de outubro de 2010

Transtornos Alimentares em Adolescentes

Nunca houve tantas pessoas com Transtornos Alimentares, frutos da nossa sociedade industrializada e desenvolvida.Tais problemas acometem, sobretudo, adolescentes e adultos jovens.


Mudaram-se os padrões do que é belo e saudável. Alternam-se entre dois pontos: a beleza anoréxica das supermodelos ou a beleza “sarada”, musculosa de bailarinas da tevê. Nesta situação fica difícil para o adolescente normal sentir-se bem com o corpo que tem. Os meios de comunicação ditam o que é ser bonito e estar na moda, os colegas da escola cobram esta estética, as paqueras concentram-se na menina mais esguia ou no menino mais fortinho. Deve ser difícil ser adolescente hoje em dia, em meio a tantas Sandys, Giseles Bündchen e Paulos Zulu.


Na adolescência, a personalidade não está ainda plenamente configurada, então, esta obsessão pelo corpo perfeito, por seguir um modelo imposto pelos meios de comunicação torna-se um pesadelo, tanto para estes jovens quanto para seus pais, que acabam sentindo-se impotentes frente a este problema. Impotentes sim, porque na adolescência desses pais o ícone de beleza ainda era a Marylin Monroe, que vestia manequim 46.


Hoje falaremos sobre dois Transtornos Alimentares mais comuns entre os adolescentes: Anorexia Nervosa e Bulimia.


ANOREXIA NERVOSA: é um transtorno emocional que consiste numa perda de peso derivada e num intenso temor da obesidade. È mais comuns entre jovens de 14 a 18 anos. Os sintomas mais freqüentes são:


*Medo intenso de engordar. Mantém, então seu peso bem abaixo do considerado normal. *Faz dietas severas e ingere pouca comida, com grande perda de peso.


*Imagem corporal distorcida: Olha-se no espelho, e apesar de estar magra, enxerga-se muito gorda.


* Sente-se gorda, apesar de estar magra.


*Após ter comido sente-se culpada e deprecia-se.


*Aumento das atividades físicas


*Ausência de menstruação.


*Irritabilidade, insônia, tristeza.


A BULIMIA NERVOSA é um transtorno que se caracteriza por episódios repetidos de ingestão excessiva de alimentos num curto espaço de tempo (as crises bulímicas), seguido por uma preocupação exagerada sobre o controle do peso corporal. Esta preocupação leva a pessoa a adotar condutas inadequadas e perigosas para sua saúde.


*Comer compulsivamente - muita comida em pouco tempo e às vezes às escondidas, *Preocupação excessiva e constante em torno da comida e do peso.


*Para compensar a ingestão excessiva e com medo de ganhar peso, há o uso excessivo de fármacos, laxantes, diuréticos e provocação de vômito.


*Com o tempo, por causa do vômito provocado, ocorre a erosão do esmalte dentário, podendo levar à perda dos dentes.


*Mudanças no estado emocional, tais como depressão, tristeza, sentimentos de culpa e ódio para consigo mesmos.


Ainda a melhor alternativa para estes casos é uma conversa franca com o adolescente, para que este entenda que o seu transtorno merece cuidado especial e que deve ser encaminhado para uma psicoterapia. A energia que o adolescente gasta com a manutenção do transtorno poderá ser usada para que ele se divirta e seja feliz.


Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga





A Arte de Dizer Não


Existem pessoas que são assertivas, diretas e conseguem se impor de uma forma muito natural. Colocam seus limites e dizem não ao que não querem ou não lhes agrada com uma facilidade incrível.

Existem outros tipos de pessoas que sempre se perguntam: Porque é tão difícil dizer Não? Porque eu nunca consigo dizer o que eu realmente quero? Se você é esta pessoa, então este artigo é para você.

Imaginem uma moça que trabalha em um escritório e sempre faz tudo o que mandam, sem nunca dizer não para ninguém. Chegou uma sexta-feira ás 17h30, seu chefe lhe pede que ela lhe faça o favor de digitar cinco cartas para ele. Ela olha para o relógio e sabe que se fizer, só sairá de lá muito mais tarde do que seu horário normal, mas faz assim mesmo, afinal ela pensa que não deve negar nada ao seu chefe, pois chefe é chefe. Chegando cansada em casa, ela se arruma para ir deitar e descansar a cabeça, quando uma amiga liga, convidando-a para ir ao cinema. Mesmo cansada, já deitada, ela não pode negar um pedido da amiga e vai. Depois de algum tempo se sente mal-humorada, o filme parece não ter a menor graça e não tem o menor pique para bater papo com a amiga. Volta para casa, mal por não ter sido uma boa companhia, chateada com a amiga que não percebeu o seu cansaço e muito brava consigo mesma por não ter se respeitado e ficado em casa como ela queria. Quantas vezes no dia-a-dia, esta mesma coisa lhe acontece? Dizer não, nunca é fácil. É preciso entender o porquê desta dificuldade. Um certo grau de insegurança e baixa auto-estima são fatores que podem impedir a pessoa de conseguir dizer o que realmente quer. Fica difícil para alguém que não acredita em si mesmo, nas próprias idéias, na própria capacidade dizer um não para alguém, pois o outro sempre parece ser mais importante ou pensar de maneira mais correta que você.

Mas, o maior impedimento parece ser o seguinte: “se eu disser um não para esta pessoa ela pode parar de gostar de mim”. O medo da rejeição, do deixar de ser amado faz com que você não consiga negar nada a ninguém. Assim acaba fazendo coisas que não estava disposto, extrapola seus limites e depois se sente culpado por ter sido tão bobo. Se você consegue impor seus limites, e fazer para os outros somente aquilo que você realmente está disposto, ou que pode fazer sem se prejudicar, dizendo “não posso”, “não quero”, para as coisas que extrapolam seus limites você estará ajudando também a outra pessoa (além de se ajudar), pois ela saberá até onde pode ir com você. E ela não vai deixar de gostar de você por isso, pelo contrário irá respeitá-lo mais. Você passará a ser mais coerente com o seu coração.

Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Temperança

Temperança significa equilíbrio. Alguma coisa equilibrada não tende nem tanto para um lado nem para o outro. Como dizem os budistas, é “o caminho do meio”.

Da mesma raiz de temperança podemos achar a palavra tempero – outra coisa que se colocarmos demais estraga o paladar, estraga o sabor e se colocarmos de menos o gosto fica insosso. È interessante também notarmos que temperamento também deriva daí. Um temperamento forte, geralmente condiz com pessoas estouradas, raivosas e um temperamento fraco dizemos de pessoas frágeis, covardes.

O ideal seria então o temperamento equilibrado, com a dose certa de tempero.

Podemos achar a necessidade da temperança em tudo na vida, mas a primeira coisa que pensamos é a temperança à mesa. Existem os exagerados que devoram tudo o que veêm pela frente, são os glutões.

Pena, pois o fastio que sentem depois destrói qualquer prazer que o alimento havia proporcionado. O contrário seria uma pessoa que não come, não gosta de nada. A vida dela está sem graça e sem gosto, e ela corre o risco de se tornar anoréxica e ganhar uma das piores doenças da atualidade. O prazer está no meio termo, no equilíbrio, ou seja comer quando se tem fome,beber quando se tem sede, escolher muito bem o que vai ingerir e ter prazer, saborear cada pequeno bocado, prestando atenção à ação de comer.

Devemos usar a temperança também no falar. Quem fala muito se expõe desnecessariamente e torna-se alvo fácil de críticas. Vale relembrarmos velhos ditados: “Quem fala muito dá bom dia pra cavalo”, “Não é à toa que temos dois ouvidos e uma só boca”, “quem fala o que quer ouve o que não quer”. E do extremo oposto temos aqueles que falam pouco. Estes engolem muita coisa que deveria ter sido dita, geralmente reclamam que ninguém os entende (de que jeito irão entendê-lo, se ele não fala o que pensa e o que sente?), são muito propensos a doenças psicossomáticas por estarem constantemente remoendo pensamentos e sentimentos.

Ao lidar com dinheiro também vale usar a temperança. Tomem sempre cuidado com os extremos, gastar demais gera inúmeros problemas. Pense nas despesas desnecessárias feitas, as dívidas acumuladas, que vão aumentando cada dia mais e mais, tirando o sono e o sossego. Mas ser avarento também é prejudicial, pois a pessoa não se proporciona certos prazeres nem à sua familia. Têm condições financeiras boas e vivem como pobres, e esta discordância entre o que se tem e como se vive gera desequilibrio interno.

No amor, a temperança aparece nos relacionamentos equilibrados, saudáveis, normais. Parceiros demais, do tipo cada semana se relacionar com uma pessoa diferente é normal na adolescência, mas quando isso se arrasta pra vida adulta é bom tomar cuidado – descontrole à vista.

Aprender a viver com temperança é o caminho mais certeiro para uma vida mais equilibrada e feliz. Poderemos notar a necessidade dela em todas as áreas de nossa vida e a cada área onde conseguimos inseri-la, esta se torna mais forte. Você sabia que o vidro e o aço são temperados para adquirir maior resistência? Isso vale para nós também.

Escrito por Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga Clínica

Obrigado por ser meu inimigo

O título acima pode parecer estranho à primeira vista.Afinal, para que serve um inimigo além de nos aborrecer, irritar e fazer de nossa vida um inferno? Há momentos em que temos a certeza que esta pessoa só nasceu com o objetivo de nos atrapalhar, mas por incrível que pareça, ele tem uma serventia boa sim: serve para nos aprimorar.

Como?

Pense comigo, se sucumbirmos à vontade de fazer algum mal á ele, estaremos perdendo o controle sobre nossos sentimentos e emoções. Mas, se você conseguir o contrário, ou seja, resistir às provocações, conseguirá triunfar sobre sua raiva e gradativamente irá aumentando seu autocontrole. Viu? É para isso que o inimigo funciona. Ele nos instiga a crescermos. Se não temos oponentes, fica difícil superarmos a nós mesmos. Vamos continuar.

Tanto o inimigo quanto os fofoqueiros, funcionam como um termômetro moral de nossa sociedade. Muitas más ações são impedidas mediante o receio de comentários alheios. Ou seja, agimos corretamente para não “cairmos na boca do povo”. Não pensem que a fofoca e o “diz-que-me-diz” é exclusividade de cidades pequenas. Nas grandes cidades ocorre a mesma coisa, pois a vizinhança e o bairro formam pequenas comunidades, onde as pessoas se conhecem e portanto tomam conta da vida umas das outras. Até dentro das famílias existem olhos fofoqueiros que alcançam tudo.

Isto também não é ruim, pois passamos a prestar atenção am nossa conduta e fazemos tudo da melhor maneira possível, pois perante o inimigo, uma escorregadela sua é uma vitória para ele, e perante o fofoqueiro é assunto para mais de uma semana. Então, passamos a agir cada dia melhor, até sem perceber.

Os inimigos testam nossos limites. Com eles, conseguimos saber o quanto somos pacientes e tolerantes e temos que descobrir maneiras de expandir ou retrair este limite. Digo retrair, pois às vezes podemos ser tolerantes demais. Talvez por medo de enfrentar a situação, por covardia, por nos sentirmos fracos. O inimigo nos instiga a lutar. Muitas vezes a luta é necessária, e nos ensina a sermos fortes e não desistir.

Testam nosso poder de suportar as adversidades, nossa capacidade de argumentação e nossa inteligência. Assim, com a presença de um inimigo crescemos e amadurecemos cada vez mais.

E finalmente, com os inimigos aprendemos a exercitar a mais difícil de todas as nossas capacidades: a compaixão.

Ter compaixão por um inimigo é transcender a sua condição de humano e poder ajudá-lo a tornar-se um pouquinho mais próximo das grandes Luzes como Jesus, Buda, Francisco de Assis...

Escrito por Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga Clínica

Imperfeitamente Perfeitos

Somos bombardeados diariamente com modelos de perfeição: o modelo famoso, o galã da novela das oito, as roupas da moda, o carro do ano, o empresário rico, pessoas bem sucedidas esbanjando simpatia, etc... Vendo tudo isso, é fácil pensarmos que todos eles são perfeitos e nós os errados, os imperfeitos.

Além da cobrança interna pela perfeição, ainda temos a cobrança externa: é a mãe exigindo melhores notas ("só aceito nota 10"), é o chefe cobrando um desempenho sobre-humano, é a namorada que quer ir aos melhores restaurantes, sendo que o salário não dá para isso. Percebeu como funciona? Somos cobrados para ser o que não somos.

Nós somos seres humanos, imperfeitos, cheios de erros, ainda bem. Somos feitos de opostos que funcionam juntos o tempo todo formando o nosso equilíbrio. Somos bons e maus, preguiçosos e trabalhadores, amorosos e raivosos, corajosos e medrosos, tudo depende do momento. Pensem no conceito de sombra e luz. Todos temos um lado luz e um lado sombra. Como seria um quadro feito só de luz? Uma tela pintada de branco. E um quadro feito só de sombra? Uma tela pintada só de preto. O que faz um quadro ser lindo é a mistura de sombra e de luz.

Em todas as culturas vemos ensinamentos para aceitarmos estas dualidades que fazem parte da alma humana. O símbolo do yin/yang é uma destas representações. Aceitando estes princípios conseguiremos uma forma mais coerente de viver.

A busca pela perfeição faz com que o ser humano se distancie do que ele é de verdade, do seu verdadeiro eu, para buscar algo que não existe. Não aceita o que é. Como gasta muita energia buscando algo que é impossível de alcançar, está sempre insatisfeito.

Geralmente estas pessoas são muito rígidas consigo mesmas e com os que estão perto. São muito críticas. De que adianta? Perfeito só Deus. Quem busca a perfeição está querendo tomar o lugar de Deus.

Buscar melhorar-se a cada dia é uma busca saudável, enquanto buscar a perfeição pode levar a uma bela depressão ou a um transtorno do pânico.

Devemos nos aceitar incondicionalmente, somos perfeitamente imperfeitos.

Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga

domingo, 13 de junho de 2010

Estresse e Mania de Perfeição

As pessoas que exigem demais de si mesmas, muito organizadas, meticulosas e detalhistas acabam exigindo também muito das pessoas com quem se relacionam.
Geralmente vieram de famílias também perfeccionistas ou que os criticaram muito na infância, então tentam na idade adulta serem cada vez melhores e não aceitam errar nunca.
Têm muito medo de errar e este erro ser apontado pelos outros, então cobram de si mesmos uma perfeição que não existe. Possuem um autojulgamento muito severo. Não existem para ele várias maneiras diferentes de olhar para o mesmo ponto, o mundo do perfeccionista se encerra em somente certo e errado, segundo suas convicções.
Têm uma rigidez de caráter e não sabem lidar com divergências inesperadas Para não se sentirem assim tentam sempre ter tudo nas mãos. Procuram maneiras de controlar tudo e todos à sua volta para que possam se sentir em plena segurança, onde o fator surpresa não tenha vez. Falham nesta tentativa, pois a vida é totalmente inesperada e, imprevistos acontecem todos os dias.
Então o perfeccionista está sempre alerta e não tem sossego.Liga-se à detalhes que para as outras pessoas passariam desapercebidos e não seriam relevantes. Tudo tem que sair do jeito que imaginaram que deve ser e não do jeito que as outras pessoas querem.
Não conseguem ser plenamente calmos, pois passam o tempo todo numa exigência constante que gasta muita energia. Não aceitam críticas nem reprimendas, pois acham que já que fazem tudo da maneira mais correta possível, não merecem críticas e sim elogios.
Sofrem com a insegurança destes momentos, mas a saída mais fácil para voltarem a se sentir seguros é sempre lembrar desta crítica à pessoa que os criticou e em seguida apontar uma série de defeitos que anotaram mentalmente desta pessoa.
É fácil notar que não é fácil conviver com um perfeccionista, pois sempre estão em posição de alerta e suas rigidezes não o deixam curtir a vida. Tudo sempre tem algo de errado e ele não consegue deixar de apontar.
Isto pode se transformar em doença, então é bom procurar ajuda o quanto antes .Estas pessoas podem desenvolver sintomas de estresse, ansiedade ou transtorno obsessivo compulsivo.
Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga Clínica

sábado, 23 de janeiro de 2010

Opiniões alheias


Qual é o peso das opiniões dos outros em sua vida?
Você modifica uma atitude ou um pensamento seu baseado no que os outros vão pensar ou achar de você?
Você tem medo de ser alvo de fofocas, ou tem medo de críticas?
Existe por trás de todos esses medos o desejo intenso de ser admirado, amado, ovacionado. Este desejo aprisiona a pessoa, pois esta passa a levar a vida baseando-se somente no que os outros vão pensar, ou vão falar. Perde-se a espontaneidade e a liberdade, até chegar um momento que a pessoa não sabe mais qual é a sua real opinião sobre as coisas, fica sem referencial próprio. É o preço que se paga para viver e agir seguindo os padrões dos outros e não os próprios.
Tenha uma coisa muito clara: críticas sempre existirão. E as críticas vem quando duas opiniões divergem. Devemos aceitar as que forem construtivas e usá-las para melhorar. Pois cada um tem um modo só seu de ver as coisas. Logo por ser um modo único, é diferente. Muitas vezes o outro vê a solução que você não consegue encontrar.
Um dos papéis do psicólogo é dar este outro olhar, mostrar outra forma de ver, e assim amplia-se o horizonte do cliente.
Pergunte a opinião de duas pessoas sobre o mesmo assunto que você notará as diferenças. Um gosta do amarelo outro do preto, um do salgado outro do doce, e “vive la différence !“ É isso que faz o ser humano conseguir conviver, se desenvolver e evoluir.
Se essas diferentes formas de pensar não existissem nossa espécie já teria sido extinta. São as idéias novas que impulsionam o desenvolvimento. Se fossemos conformados com tudo do jeito que é e gostássemos de tudo do mesmo jeito, ainda moraríamos em cavernas (todos iriam achar bom), vestiríamos peles de animais ( a moda continuaria essa, já que todos gostam), e as necessidades seriam as mesmas. Ai de nós.
Mas, o problema não reside nas diferentes formas de pensar e sim em como acatamos algumas destas formas:

# Evite as críticas destrutivas: vamos deixar de lado o modo “polianesco” de pensar, e assumir que existe maldade sim. Todos nós temos um lado escuro e um lado claro. Somos feitos de sombra e luz, bom e mal. Esta dualidade presente no homem faz com que ás vezes a inveja bata, ou o desejo de maldizer alguém predomine sobre o juízo.
Antes de acatar a idéia do outro como verdade absoluta, passe por uma peneira. Fique com o que vale a pena e jogue fora rápido o que não presta, para não ficar ocupando espaço na sua cabeça.

#Saiba que nunca iremos agradar a todos. Nem Jesus foi unanimidade, foi morto por pessoas que não gostaram e discordaram dele. Não dá para ser aceito por todos, alguns acharão que o que você faz não é bom, outros acharão ótimo, mas a medida certa é a sua. Qual é a sua opinião?
Vale manter o bom senso e analisar: se você está fazendo o seu melhor, já é o suficiente.

#Lembrar sempre que o tempo é o melhor conselheiro para tudo. Ele mostra que devemos sempre ficar do nosso lado, olharmos com carinho para nós mesmos e darmos muito valor para a nossa opinião. Devemos aprender com os outros, mas não nos tornarmos escravos da opinião alheia. Anatole France, no seu livro “ O crime de Sylvestre Bonnard” diz: “(...)Eu que agrado a alguns e submeto à provação todos os homens, que sou a alegria dos bons e o terror dos maus; eu, que proporciono e destruo o erro, devo assumir a responsabilidade de movimentar minhas asas. Não me condene se, no meu vôo rápido, levo alguns anos de cambulhada.Quem fala assim? É um velho que eu conheço muito bem, é o Tempo."

Com o tempo ganhamos firmeza nas asas para podermos voar mais alto. Mas na vida voamos sós, temos que dar conta somente do nosso peso durante a jornada. Não dá para carregar caronas.

Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga clínica
e-mail: olivaresmh@gmail.com