Escolher errado e continuar errando,
este é o dedo podre.
Todos
conhecemos alguém assim. Acabou de sair de um relacionamento ruim e já está, de
novo, com outra pessoa errada, muitas vezes pior que o primeiro.
“Susana, 30 anos, sai todo final de semana com as amigas.
Barzinho, shows e baladas são os programas preferidos. Sempre arruma algum
paquera, pois é bem vistosa. Mas reclama que tem muito azar com homens. E não é
de agora. Começou cedo, desde o primeiro namorado que era drogado. Já namorou
um que não queria trabalhar de jeito nenhum, outro que sumia semanas sem dar
notícias e depois ela descobria que estava farreando com os amigos. Um outro,
este mais velho, que ainda era apaixonado pela ex mulher e só falava dela. Pela
sua lista também passaram alcoólatras, agressivos, infantilizados e quem não
queria nada com nada. Mas ela não desiste. Acha que se continuar procurando, em
algum momento aparecerá ‘alguém bom’”.
O
“dedo podre” aponta, mira e escolhe sempre parceiros-problema:
“Eu só atraio encrencas”,
“Porque para mim só aparece gente problemática?”,
“Pareço curva de rio, só pára entulho”,
“O pior sempre sobra para mim”.
E tantas outras que no fundo querem dizer a mesma coisa:
“ Atraí novamente a pessoa errada”.
Então quando chega neste
ponto, já passou da hora de refletir sobre as escolhas afetivas.
Primeiro, fica claro que existe um padrão se repetindo: a
atração e escolha por pessoas problemáticas.
Além disso, o que todas
estas pessoas tem em comum?
Descrevendo
cada uma delas, com riqueza de detalhes, vai-se perceber que no fundo todas se
parecem.
Então,
porque procurar uma pessoa com estes traços de caráter?
O
que escolhemos está diretamente ligado ao que pensamos de nós mesmos.
A
pessoa te trata da mesma maneira que você faz consigo mesmo.
Se você acha que merece ser feliz e sabe do
seu potencial, você atrairá e se sentirá atraído por uma pessoa que te
valoriza, que te quer bem.
Se você acha que não
merece o amor, não se dá valor, pensa que só se esforçando muito para agradar é
que as pessoas gostarão de você. Provavelmente se sentirá atraído e atrairá
pessoas que não te dão valor e que você tenha que se esforçar muito para manter
a relação.
Dependendo do que você acredita que merece é o que vai ter.
Quanto
mais nos conhecemos e demonstramos quem somos, mais atraímos as pessoas certas
para o nosso convívio. Tanto para o convívio amoroso, quanto social e de
trabalho.
Além de autoconhecimento, devemos ter bem
clara em nossa mente a noção de merecimento.
Parece
fácil, mas não é.
A
grande maioria das pessoas “acha” que merecem tudo de bom, mas esta ideia acaba
sendo vaga, superficial. Gostar de verdade de si mesmo é uma construção
gradativa e leva tempo. Basta ver quantas pessoas infelizes existem no mundo.
Outro
ponto que pode levar ao fenômeno do “dedo podre” é a carência. Se relacionar
com pessoas-problema podem ser tentativas de lidar com esta falta de afeto. É
uma triste tentativa de reunir migalhas de carinho na esperança de aplacar uma
grande fome.
A
carência é uma péssima conselheira.
Quando
ela aparece, todo sapo horroroso é confundido uma princesa linda ou um galã de
cinema. Depende do tanto que a pessoa bebeu, ou às vezes nem foi preciso. É a
pressa de achar alguém logo.
“De
tanto procurar e não encontrar nada, qualquer coisa serve”. Note o quanto esta
pessoa perdeu o valor de si mesma.
Afinal,
qualquer coisa só serve para quem é qualquer um.
Para
meus clientes com este perfil eu proponho este exercício no consultório, e
sempre tenho resultados muito positivos. Se é você o dono do “dedo podre”,
proponho que tente fazê-lo. A proposta é ajudá-lo a entender que merece o
melhor da vida:
Pegue
uma foto sua ainda bebê. Calmamente, observe a foto por um tempo e pense sobre
esta criança.
O
que ela merece? Qual criança não merece ser feliz?
O
que será que seus pais desejaram para esta criança quando ela nasceu?
O
que você desejaria para esta criança se fosse pai ou mãe dela?
Provavelmente,
gostaria que ela fosse muito feliz, acarinhada, amada, próspera e realizada,
não é?
Analise
suas conclusões devagar, dispondo do tempo que precisar. Você precisa deste
tempo entender que esta criança ainda é você, e que todo o mal que é feito á
você, é feito á essa criança.
Talvez sua vida precise de algumas mudanças
benéficas para que você se transforme em outro tipo de imã atraindo
relacionamentos mais positivos.
Deseje que esta criança tenha tudo de bom.
Leve esta foto na carteira, e quando seu “dedo podre” apontar
para alguém, pegue a foto e pergunte á si mesmo se você deixaria esta pessoa
tomar conta da sua criança?
Relacionar-se é entrar na vida do outro e deixá-lo entrar na
sua. Não pode ser qualquer pessoa. Deve ser uma pessoa especial, da mesma
maneira como você deve trabalhar a si mesmo para conseguir se ver também
especial.
Aprofundando um pouco mais nesta auto-análise, seria
interessante perguntar-se:
Quanto
você quer um relacionamento de verdade?
Você está preparado para assumir uma troca de
amor?
Está pronto para ter a responsabilidade de
amar e se sentir amado?
Ou o fato de sempre escolher pessoas erradas é
uma maneira de sabotar a possibilidade de um relacionamento bom e que dê certo
Pense nisso com carinho.
Escrito por: Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga