quarta-feira, 6 de maio de 2009

Desperdício




Estamos em um ponto onde não existe mais volta – ou o ser humano se conscientiza ou destruiremos de vez este planeta.
O grande problema da palavra conscientização é que a maioria das pessoas não a entende. Bem, vamos lá: conscientização é quando “cai a ficha”, quando entendemos algo de verdade.
No caso do tema de hoje, precisamos entender que nossos atos influenciam o meio em que vivemos e no que vamos deixar para nossos filhos e netos. Estamos acostumados a pensar momentaneamente e individualmente, ou seja, pensamos só em nós e no agora. A água que deixamos vazar pela torneira fará falta aos nossos netos. Estes mesmos netos terão que lidar com as toneladas de lixo que estamos produzindo e respirarão que tipo de ar, sendo que estamos acabando com as árvores?
Que tipo de amor é esse?
Você pega seu filho no colo, olha pra ele e sente amor, mas não pensa em como será o futuro desta criaturinha? E as gerações seguintes?
Você olha para sua netinha brincando e quer abraçá-la e beijá-la, com todo afeto que um avô sente, mas em que mundo ela vai viver depois que você não estiver mais aqui? Do que adianta uma boa herança se não existir o básico para a existência humana na terra, como alimento sadio, água potável e ar puro?
E como será a vida dos netos dos seus netos?
Devemos trocar a forma de pensar e analisar cada atitude nossa. Podemos sim, fazer muita coisa para ajudar.
Primeiro vamos lidar com o desperdício: você precisa de tanta coisa assim? Compre somente o que é realmente necessário e na quantidade certa. Você notará que precisa de bem pouco para viver, o resto é supérfluo.
Cuide do seu lixo. Quanto menos lixo produzirmos, melhor é para o planeta. Preste atenção por dia quanto lixo você joga fora, é o jornal, a caixa de leite, papéis, restos de comida, etc. O lixo polui tanto o solo quanto a água. Você sabia que o tempo de decomposição do papelão é de 3 meses, o nylon é de 30 anos e da fralda de bebê é de 600 anos – ou seja quando o tataraneto do tataraneto do seu bebê tiver filhos as fraldas do seu bebê desaparecerão.
Reutilize: muitas de nossas coisas podem ser consertadas e reutilizadas. Ensine seus filhos, será muito importante para a formação deles. As crianças deveriam presenciar os pais consertando coisas que se quebraram, para introjetarem a idéia e usarem em suas vidas. Aprendendo o conceito de reparação elas aprenderão a utilizá-lo também nas relações. Por exemplo: se houve uma briga com o coleguinha, a criança vai tentar reparar o erro e consertar a relação, a mesma coisa depois quando esta criança crescer, se seu casamento não der certo, ela não vai logo se separando e arrumando outro, ela vai primeiro tentar consertar. Falta muito deste conceito nos dias atuais, e se você fizer sua parte seus filhos agradecerão mais tarde.
Então conserte coisas em casa e chame-os para ajudar.
Passe pra frente: aquilo que não serve mais para você pode ser útil para alguém. Junte seus amigos e faça um bazar de trocas, ou melhor, faça um “dia do grátis”, onde todos levam coisas que não querem mais e colocam em uma grande mesa, depois cada pessoa pega aquilo de que precisa. É uma experiência muito interessante primeiro porque aprendemos a nos soltar, a nos desapegar dos objetos, depois aprendemos a receber, quebrando o preconceito de levar pra casa e utilizar algo que não é novo, que já foi de alguém e esta experiência nos traz a humildade. O fato de não saber de quem é o objeto também ajuda muito, pois assim a escolha fica sendo pela necessidade e não pela emoção.
Outro aprendizado interessante é como lidamos com o que é fácil. Se alguma coisa nos é oferecida de graça, a maioria de nós leva pra casa sem pensar se aquilo vai ser útil ou não. “Oba, de graça vale tudo”, mas não é bem assim. Precisamos aprender que até o que é de graça precisa ter uma real serventia, senão é melhor deixar para outra pessoa que vai realmente usar. Desapego é conscientização.
Resgate atividades lúdicas: sair para se divertir é caro e nem sempre prazeroso. Filas nos restaurantes, barulho, muita movimentação. Faça coisas diferentes. Chame os amigos ou reúna a família e resgate os jogos de tabuleiro de sua infância, ou junte seus vizinhos para um sarau onde quem sabe tocar um instrumento faz uma apresentação, aquele outro que fez poesias declama e aquela vizinha que pinta bem pode expor suas obras. Isto também serve para nos conhecermos melhor, ampliando nossos horizontes. Agora com a chegada do inverno, as festas juninas das ruas podem fazer parte do calendário da vizinhança.
Estas formas novas de diversão também reciclam a nossa alma.
Fazer a sua parte inventando saídas criativas para salvar o planeta vai lhe trazer muito benefício e prazer, pois é bom demais ter a consciência limpa e sadia.
Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga Clínica