quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Preconceito


Quando olhamos e analisamos o outro, tomamos como base o que somos. Precisamos sempre de um elemento de comparação, e nós somos o mais próximo. Quando aparecem pessoas ou situações que são muito diferentes do que somos acostumados, primeiro estranhamos, e depois poderemos agir de forma a entender este diferente ou já o jogamos para longe de nós, preconceituando. Então, não acolhemos nem entendemos o que for diferente de nós, e sim o colocamos como errado pelo simples fato de ser diferente. É assim que nasce o preconceito.
Toda vez que existe o preconceito existe o não conhecimento, a ignorância. Preconceito é o juízo, a idéia preconcebida, não entendida. Ou seja, vejo algo, não entendo e faço um conceito – é um desconhecimento pejorativo de alguém ou alguma coisa que lhe é diferente. Existem preconceitos por pessoas, raças, escolha sexual, povos, culturas, religiões, lugares, tradições, classe social, trabalho, por onde olhamos existe alguma forma de preconceito, velado ou não.
Depois de olharmos o outro como diferente, partimos para a generalização, ou seja, entendemos que todos que fazem parte daquele grupo são iguais. Por exemplo: todos que moram nos Estados Unidos são iguais, todos que torcem pelo Corinthians são iguais, todas as mulheres são iguais, todos os alemães são rígidos, todos os americanos são arrogantes, todos os baianos são preguiçosos, toda loira é burra, e por aí vai. Não é levada em conta a individualidade e a originalidade de cada um. Com este pensamento errado define e limita o outro. O preconceito aparece então tanto de forma explícita como de forma socialmente aceita, como as piadas e brincadeiras, limitando e categorizando o outro como diferente e errado ex.: as piadas sobre negros, judeus, homossexuais, etc. Até em peças de teatro, filmes e televisão existem os esquetes brincando com o preconceito, cultuando tipos que generalizam e continuam alimentando o preconceito.
Outra forma motivadora de preconceitos é o medo. Por temermos, criticamos. Por exemplo: não ir a um bairro mais afastado por medo de assalto e preconceituar as pessoas que moram lá. Outro exemplo: ter medo de conhecer outras formas de religião e criticar, isto é muito percebido em religiões espiritualistas e afro-culturais, como a umbanda e o candomblé. Ter medo de visitar um doente por medo de lidar com a própria possibilidade de um dia também ficar doente e agir com preconceito; isto é muito percebido com relação a pacientes de hospitais psiquiátricos, ou com AIDS ou em asilos. Como se o preconceito pudesse afastar a doença ou a velhice.
Além da critica, outras formas de exprimir o preconceito são o riso e a pena. O riso vem expresso nas piadas, no estereótipo pronto que são usados para zombar. Vocês já perceberam que sempre imitam os homossexuais da mesma forma? Generalizando, estereotipando e preconceituando. E os judeus também, os árabes, nas piadas de português sempre se chamam Manoel e Maria e falam sempre da mesma forma. Nós vivemos uma era de globalização, onde as cabeças se abriram para muita coisa, mas em tantas outras o ser humano ainda age como um primata (se bem que, acho que nem os primatas têm preconceito).
Eu pergunto: se estamos lidando com preconceito com alguém por ser diferente de nós, quem disse que nós somos o certo? O que faz uma pessoa que critica o outro por ser diferente achar que só ela é a certa?
Para lidar com este mal, precisamos lidar com a nossa ignorância. Aprender mais, crescer mais, conhecer mais. Só assim entenderemos que vivemos numa diversidade – ainda bem – e que é aí que mora a beleza. Podemos conviver com muita coisa diferente e nova, pois é assim que recebemos o estímulo necessário para o nosso crescimento. Ninguém cresce ficando no mesmo lugar, precisamos da proximidade e da compreensão do novo e não do afastamento dele.
Imaginem se você entrasse na escola e visse sempre a mesma coisa, ano após ano. Não aprendesse nada de novo, repetisse sempre o primeiro ano até seus 15 anos. O que você ganharia? Quanto você cresceria? São os desafios novos que empurram para o crescimento. Pense então quanto crescemos quando vamos viajar e conhecer um lugar distante, com uma cultura estranha. Lá o diferente somos nós e precisamos nos adaptar a esta realidade diferente. Como vamos agir com preconceito se o diferente ali somos nós? Abrir a mente. Crescer. Este é o mais eficaz antídoto para o preconceito.
Como dizia Diderot: “A ignorância fica tão distante da verdade quanto o preconceito”.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

Esmero

ESMERO
Até a palavra tem sido pouco usada, o esmero é um tema esquecido na atualidade.
Vamos entender esmero como um grande cuidado ao se fazer qualquer coisa, é o capricho e o esforçar-se para fazer com perfeição. Não o perfeccionismo neurótico que não aceita um erro e tira o prazer da execução visando somente o resultado final; o esmero é a perfeição conseguida com amor. Na ânsia do cotidiano, esquecemos do cuidado, da paciência de não deixar a vida passar por nós correndo sem nos apercebermos dela.  Precisamos parar e cuidar com graça e apuro de nós mesmos, de nossa casa de nossos familiares e amigos.  Esmero, então ganha o sentido de respeito. Quando cuidamos, estamos respeitando e glorificando a nós, aos outros, a vida.
E foi a própria vida, tão maravilhosa, que me presenteou com a lição do esmero alguns dias atrás. Vou contar como foi: fui visitar um casal de amigos, o Sr. Veniero e Magda, e fui brindada desde a entrada na casa com o capricho. Este estava em todos os cantos, no jardim, onde cada árvore foi plantada por eles e cuidada com carinho; na casa, linda em detalhes que contam a vida dos dois, uma vida cheia de vida, vivida com esmero. E como Deus mora nos detalhes, tenho certeza que estava presente.
O almoço foi primoroso. Mesa linda, comida ótima. O molho da massa foi preparado pelo anfitrião desde o dia anterior. Seis horas apurando no fogo, lentamente, pacientemente. A calma de esperar que os ingredientes cumpram a alquimia do fogo e se transformem em algo novo, que também precisa de calma para ser degustado.
Fazendo um paralelo com a vida da maioria de nós, onde tomamos café de pé para não perder tempo, a comida é quase toda de microondas ou fast food, o tempo que temos para tomar café com os amigos e bater um papo gostoso foi substituído pelo MSN, podemos perceber o quanto estamos perdendo. Perdemos nas relações, no aproveitar as pequenas e belas coisas da vida. Estamos gradativamente perdendo a noção do essencial. Quantas coisas nos passam despercebidas? Quantas vezes não ouvimos realmente o que o outro quer nos dizer? Quantas coisas incríveis poderíamos ganhar tratando a vida com mais cuidado e calma?
A delicadeza é o que dá sentido à vida. Fazer cada pequena coisa com primor, com esmero faz com que tudo ganhe valor.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

Problemas


A primeira nobre verdade do budismo diz: “Sofrimento existe”, e por mais duro que seja admitir isso, é verdade. O sofrimento existe e o experimentamos desde o momento em que saímos da barriga materna. Pensa que não? Na vida dentro do útero o bebê estava quentinho, aconchegado, protegido; no momento do nascimento ele passa pela dor, ofusca-se com a luz, sente o ar frio, é aspirado, remexido, sacudido... e chora pela primeira vez.
Bem daí pra frente cada um tem um caminho a seguir, uns com mais sofrimentos, outros com menos, mas nunca sem a ausência deste.
O que é então o sofrimento? Temos uma outra palavra similar: problemas.
Todo problema é um sofrimento e todo sofrimento é um problema. Pode ser pequeno, médio ou grande, não importa o tamanho, só queremos nos livrar dele logo, pois um problema nos tira do nosso conforto e nos faz trabalhar a mente para encontrarmos uma solução o mais rápido possível. Queremos nos livrar do desconforto. Mas muitas vezes isso não é possível, e aqui está a primeira lição do sofrimento: “não podemos tudo”, por mais que queiramos não somos onipotentes, não temos tanto poder quanto gostaríamos, e muitas vezes quando estamos “nos achando”, aparece um problema para nos colocarmos em nosso lugar e nos ensinar a preciosa sabedoria da humildade e da paciência. Humildade de encararmos os nossos limites e a paciência de esperar o problema ser resolvido no tempo certo, e não no tempo da nossa pressa.
Para aprender a segunda lição, é preciso observar “o porquê do problema”. Alguns problemas aparecem para que mudemos nossa vida, para que aprendamos algo e ele é um professor implacável que cobra a lição até que o aluno aprenda de verdade. Para isso, o problema persiste, continua, até que a pessoa tome outro rumo na vida. Quando isso acontece o sofrimento some, acaba, pois ele já desempenhou o papel dele, conseguiu seu intuito.
A terceira lição é: “qual o tamanho real do seu problema?”. Como diz Carl Gustav Jung: “tem pessoas que transformam formigas em elefantes”. Será que você não é uma dessas pessoas? Responda sinceramente.
Para aprender a dimensionar o problema, ou seja, para aprender o tamanho real dele é só se perguntar: Qual o peso que este problema terá em minha vida daqui a 3 anos? É de espantar que muitos problemas terminem com a constatação de que na verdade não se estava lidando com um grande problema, ou com algo que merecesse o seu tempo e a sua preocupação. Muitas coisas que achamos ser grandes problemas são pequenas coisas que se resolvem sozinhas.
Vamos para a quarta lição: “criar o espaço vazio”. Depois que você já fez tudo o que podia fazer para resolver o problema, aí é o momento de soltar, deixar que a coisa se resolva. Nossa mente precisa de períodos de vácuo, de descanso para se restabelecer e trabalhar melhor. Você já deve ter percebido que as melhores idéias surgem quando estamos distraídos, relaxados, sem pensar em nada. Aí dá o estalo e você se pergunta “como não pensei nisso antes?”. Não pensou antes porque não tinha espaço para pensar. Forçar a solução de um problema pensando sobre ele sem parar não o resolve, muitas vezes complica mais.
E por fim, a última lição: vamos pensar naquele ditado “Tudo está certo do jeito que está”. Ele pode até parecer uma afronta no momento que você está preocupado até o pescoço, mas quantas vezes a vida já mostrou que situações difíceis eram exatamente o que precisaria acontecer? Por exemplo, você pode ser despedido, se desesperar com isso e logo em seguida aparecer um emprego bem melhor, onde você será muito mais feliz e com maiores chances de crescimento, Ou, você levou um fora do namorado, sofreu horrores e depois percebeu o quanto vocês eram diferentes e nunca dariam realmente certo juntos. Muitos problemas são as portas que a vida nos abre para que, passando por elas, possamos viver a nossa vida mais plenamente. Muitas vezes achamos que estamos felizes, mas a verdadeira felicidade está escondida atrás destas portas.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicologia Clínica

A importância do professor na vida da criança

Quando a criança nasce, o seu receptáculo de proteção e carinho é a mãe. Um laço de infinitas proporções é estabelecido. Forma-se aqui uma ligação emocional, amorosa que nunca mais irá se romper. A figura materna é para o filho o bem mais precioso e a confiança que a criança tem na mãe é imensa.

Conforme a criança cresce, outras pessoas passam a fazer parte da vida dela: o pai, os avós, tios, amiguinhos, enfim o mundo todo, e ela tem que desenvolver maneiras de interagir com cada uma dessas pessoas, mas uma certeza sempre estará presente: "quando eu precisar de algo, vou chamar a minha mãe".
Já na idade de ir para a escola, a criança passará uma boa parte do dia sob os cuidados de outra mulher: a professora. Esta desempenhará o papel de "mãe substituta" por várias horas, cinco dias por semana – não é pouca coisa. Durante este período a mãe está confiando seu filho a esta pessoa, e a expectativa da criança é de que seja bem tratada pela professora como a mãe a trata em casa.
Este seria o ideal: as professoras entenderem que sua responsabilidade com este pequeno ser é enorme. As palavras e opiniões de uma professora repercutirão na mente de uma criança para sempre; atitudes de menosprezo para com a criança minarão sua auto-estima; agressividade e gritos transformarão a criança em um ser ansioso e agressivo; falta de incentivo farão com que a criança cresça sem acreditar em si mesma; rasgar um desenho ou não reconhecer o esforço da criança pode fazer com que ela cresça achando que não tem talento para nada. Alguns podem argumentar que a personalidade da criança é maleável e que muitas destas experiências não serão levadas para a vida adulta, mas ninguém provou isso. O que pode sim ocorrer é que muitas experiências negativas da infância sejam as causas de muitas infelicidades na vida adulta.
Muitos professores ainda não perceberam a importância que eles têm na vida das crianças.
Sabemos que muitos pais falham na educação de seus filhos, e como falham... e aí entram novamente as qualidades da professora (mãe – substituta), a de preencher na criança, pelo menos um pouco, o que falta em casa: pode ser o apoio, o carinho, um colo que dê segurança, palavras de incentivo. Para esta criança, as atitudes da professora passam a ser o lenitivo para as dores do lar, e podem transformar a vida dela. Muitas crianças que teriam se transformado em adultos sofredores e fracassados tiveram suas vidas tocadas pelas palavras de um professor.
Não é a toa que carregamos em nossa história, na historia da humanidade a imagem do sábio, do mestre, que guia o homem através das dificuldades da vida. Este personagem aparece em várias histórias, contos de fadas, mitos; que tal lembrarmos de exemplos mais atuais como o Master Yoda da saga Guerra nas Estrelas, Professor Dumbledore do Harry Potter ou Gandalf do Senhor dos Anéis. Estes personagens são professores, nada mais.
Cabe a cada professor a consciência de que cada palavra ou ato seu estará gravado na cabecinha de várias crianças, e poderá modificar a vida delas, para melhor ou pior. Esta profissão não é um simples ganha-pão, é uma responsabilidade imensa com vidas que lhe estão sendo confiadas, portanto é com esta importância e seriedade que deve ser encarada.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

Criança mimada - Adulto triste


Educar filhos é, talvez, a tarefa mais difícil imposta ao ser humano. Nunca temos certeza se estamos acertando ou errando e esta dúvida perdura a vida toda. A certeza de estarmos fazendo a coisa certa nunca teremos, afinal ter certeza de alguma coisa já é bem difícil, pois a vida é feita de incertezas. O que podemos fazer é tentar errar o menos possível. Isto sim está em nossas mãos.
Hoje vamos trabalhar um assunto delicado: o mimo. Para isso precisamos primeiro entender o amor. O amor de um pai e de uma mãe por um filho é imenso, descomunal, chega a não caber no peito e em nome deste amor, alguns pais podem cometer alguns deslizes. A partir do momento em que a criança nasce ela precisa que suas necessidades básicas sejam satisfeitas, como alimentação, proteção e carinho. O mimo começa quando os pais satisfazem mais do que a criança precisa. O mimo é o excesso de tudo: de cuidados, de paparico, de apego, mas mimo não é demonstração de amor.
Muitos pais não permitem que o filho aprenda com seus erros e tentando evitar que este filho sofra, resolvem tudo por eles.  Resolvem a briga com o coleguinha da escola, fazem a lição de casa para o filho ao invés de ajudá-lo a fazer, resolvem tudo por ele, presenteiam demais sem ter um porquê, se algum brinquedo quebra, correm para comprar outro (o certo seria tentarem consertar o brinquedo juntamente com a criança, assim ela aprenderá a consertar suas atitudes quando for mais velha), enfim, coisas que não permitem que o filho cresça.
Este mimo transforma a criança em um adulto inseguro, que acha que tudo que fizer não será bom o suficiente, sem confiança em si mesmo, afinal, sempre fizeram tudo por ele, não é? Ele cresce sem acreditar que pode. Cresce sem força.
A criança naturalmente gosta de participar de tudo, gosta de ajudar e gosta de mostrar o que faz. Quantas vezes a mãe está lavando louça e a criança quer ajudar? Nestas horas deixe-a tentar. Não critique, pois ela estará fazendo dentro das limitações próprias da idade, e elogie muito a iniciativa dela de querer fazer e querer aprender algo novo.
A função principal dos pais é preparar o filho para o mundo, e no mundo provavelmente eles receberão muitos “nãos”. A criança mimada transforma-se em um adulto que não sabe receber um “não”. Ele se desestrutura e tentará de todas as formas manipular a situação para conseguir o que deseja.  Isso acontece porque quando era criança todas as suas necessidades foram mais do que satisfeitas, então ela não aprendeu quando criança a capacidade de frustrar-se. Nós não temos tudo o que queremos, não é? Nem tudo o que desejamos, e geralmente damos conta disso, mas o mimado não consegue. E sofre muito quando não realiza algum desejo ou quando percebe que o mundo não gira somente ao seu redor (como era quando criança), trazendo inclusive sofrimento para os pais.
Muitos mimados recorrem às drogas como forma de fugir de um mundo tão cruel que não continuou o que os pais começaram: a suprir-lhe todos os desejos. E os pais inconformados com a ira do destino, não entendem como o filho pode ser assim, sendo que deram de tudo pra ele.
O mimo está intimamente ligado à dificuldade dos pais de colocarem limites nos filhos e no seu próprio apego. Amor não é apego. Amor é criar com o coração e com a cabeça junto, viu?
As crianças precisam vivenciar experiências de ganhos e perdas, brigas e fazer as pazes, dividir, compartilhar, e é assim que elas vão aprendendo a viver em sociedade, para que quando se tornarem adultos aprendam seus limites, os limites do outro e principalmente respeito.
Maria de Fátima Hiss Olivares

Pra quê tanto peso?


Carregamos diariamente um mundo nas costas. 
Quando deitamos na cama, para um merecido descanso, nos dá a impressão de que pesamos uma tonelada. Aí, o sono torna-se difícil para logo em seguida acordarmos novamente para mais um dia exaustivo. 
Você já se perguntou porque tem esta estranha sensação de desconforto?
Realmente carregamos nosso mundo nas costas, como uma tartaruga, e quanto mais peso carregamos mais lentos ficamos.
Pare por um instante e pense.
 De tudo isso que você carrega o que é realmente seu? 
 Quantas destas imensas responsabilidades são suas e quantas poderiam ser delegadas a outrem? 
Provavelmente você está tomando para si mais do que pode carregar. 
Só devemos carregar a nossa cruz e não a dos outros.
 Com o propósito de sermos bonzinhos e prestativos, acabamos conosco e logo o estresse chega, com todas as doenças que o acompanham e acabamos dando trabalho àqueles que queríamos ajudar. 
De hoje em diante, tome para si só o que é seu. Diga para o resto: "Isto não é meu", "Isto não me pertence". 
Se dermos conta de nossa vida já estaremos fazendo um grande bem.
Achei na Internet esta parábola que ilustra muito bem este assunto: 
Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.  Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo, e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais.  Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.  No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.
Desapontados pelo fato de que o mestre aceitasse tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: "Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?"
"Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?" - perguntou o Samurai. "A quem tentou entregá-lo" – respondeu um dos discípulos. "O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos" - disse o mestre. "Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, só se você permitir..." (Autor desconhecido)
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicologa Clinica

Dentro d'água


Sinto muito lhe informar, mas problemas existem, e ninguém conhece uma saída mágica para eles. Uma poção talvez que faça com que todos os sofrimentos do mundo desapareçam. Sofrimento existe, dor existe, problemas existem, a vida é feita deles. Existir já pressupõe sofrer.
Entender os problemas e sofrimentos já é um passo gigantesco na direção de uma vida mais feliz
Quando a vida impõe as mudanças e os problemas surgem com   toda sua força, muitas vezes não conseguimos ver o que está acontecendo de verdade. É bom notar que os problemas geralmente não vêm sozinhos, sempre que temos um problema junto com este aparecem mais um ou dois. Chega um ponto que não sabemos mais nem onde estamos. Perdemos todas as nossas referências quando nos encontramos mergulhados em algum problema ou vários deles.
Imaginemos que os problemas sejam um ambiente aquático, um mar ou um rio. O peixe sabe que ele está dentro da água? Você sabe que está mergulhado em problemas ou já perdeu a referência do que é uma vida sem preocupações? Lembre-se de que os problemas sempre existirão, o que deve mudar é o jeito que olhamos para eles.
Quando um problema sério surge, primeiro corremos, socorremos, nos desesperamos e fazemos tudo ao mesmo tempo, numa ansiedade louca e desenfreada. Sentimos que estamos nos afogando e numa tentativa louca de sobrevivência ficamos nos debatendo, mas quanto mais nos debatemos dentro d’água mais afundamos.
O que fazer?
Soltar, deixar, se entregar. É o mais difícil, eu sei. Mas só assim você vai ser capaz de boiar até a superfície e ver, de verdade, o que está acontecendo.
Só quando se abandona a idéia de fazer algo é que os problemas começam a se resolver.
Agora saia d’água e olhe o problema de fora, como um mero espectador. Você notará que sua percepção mudará, e você verá saídas que não via antes. Conseguirá até vislumbrar formas mais interessantes de passar por esta fase e crescer. Conseguirá não se debater nem se abater tanto, já que agora o problema não terá a dimensão gigantesca que tinha no início. Mude o foco, mude o jeito de olhar. Os problemas não deixarão de existir, mas ficará muito mais fácil lidar com eles.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

Solidão a dois, a três ou sozinho mesmo


Quanto você se completa? Esta pergunta é a chave para compreender sua relação com o outro.
Há pessoas que podem estar com um companheiro maravilhoso ao lado e mesmo assim se sentirem sozinhas. Podem então arrumar um amante para tentar suprir este espaço vazio, mas não funciona, pois continuam a sentir-se sozinhas. Podem constituir uma grande família ou ter muitos amigos ao redor, mas mesmo assim continuarem na solidão. Podem até largar mão de tudo e dizer “já que me sinto sozinho em qualquer situação, vou viver solitário mesmo”. Aí piora tudo.
O que falta então?
Procuram no trabalho, nas pessoas, no prazer, nos vícios e não acham. O que falta e onde está? Está dentro de você. É onde acontece o sentimento da solidão. Onde mora o vazio. Por mais que você tente preencher com companhias, não vai adiantar. E possivelmente a pessoa que estará ao seu lado se sentirá incapaz de suprir todas as suas necessidades - que  são muitas.
Quando você não enxerga que o problema é de ordem interna, passa a cobrar as soluções das pessoas que estão por perto, pois se busca a solução no outro e não em si mesmo.  Exemplo: “se minha esposa me desse mais carinho, talvez eu me sentisse mais amado e menos sozinho”, “Se eu tiver filhos talvez eu me sinta mais completo”, e por aí vai...
Provavelmente o seu companheiro já esteja dando o máximo que ele pode, e mesmo assim para você parece pouco. É porque nada de fora preenche um vazio interno. Esta solidão é o vazio existencial, o vazio de não se conhecer. Está diretamente ligado à baixa auto-estima, pois quem a tem elevada, sabe bem quem é e o que quer da vida. Conhece-se e gosta do que vê em si mesmo.
Quem é você? Do que você gosta?
Você já se fez estas perguntas? Não? Então está na hora.
Nascemos, crescemos, trabalhamos, formamos nossa família e vivemos o tempo todo em contato com o outro. Adquirimos conhecimentos e informações através do outro. O contato com outras pessoas é constante, e no meio deste turbilhão que acaba sendo nossas vidas, não temos tempo para a pessoa mais importante: nós mesmos.
O que você veste é realmente o que você gosta ou é a roupa mais apropriada para o seu trabalho? É com o que você se sente bem, ou você usa só porque está na moda?
Sua casa é decorada ao seu gosto, ou ao gosto da sua esposa (marido)? Você tem o carro do ano mesmo que seu desejo seja ter uma moto?
Você conversa seriamente sobre política e lê sobre economia nas horas vagas sendo que no fundo adoraria estar lendo um gibi ou montando uma miniatura de trem?
Acabamos vivendo o que o mundo espera que vivamos e não o que está de acordo com nossa essência. Com o tempo a nossa essência vai ficando nublada, embaçada até que nem consigamos mais vê-la e passamos a acreditar que o que vivemos é que é a nossa essência.  Percebe a ilusão que vivemos?
Nos separamos do que é mais precioso, nosso interior, nosso eu. Nos separamos do que nos conecta com a nossa natureza.
Assim acabamos por nos separar também do outro, pois se não nos conhecemos, dificilmente conheceremos o outro. Acabamos então com as portas abertas para as neuroses e depressões.
“Conhece-te a ti mesmo... e conhecerás o universo e os Deuses”. Esta inscrição está contida no portal do templo de Delphos e mostra que esta busca do homem data de milênios e até hoje ele precisa continuar tentando encontrar, pois esta é a chave para a vida plena e feliz. Analise novamente: Do que você gosta? O que o faz feliz? Quais são os seus dons naturais? Você já está colocando em prática? Você faz o que gosta? Quem é você?
Não procure fora algo que só poderá achar dentro.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

Fiel Depositário da felicidade



Há tempos ouvi esta historinha, mas não me recordo o autor, penso que seja do Nasrudin (é bem a cara dele): “Um homem passando em frente à uma bela casinha, viu uma senhora já idosa procurando algo no jardim da casa. Ele parou e disse:
- A senhora perdeu alguma coisa?
- Sim, meu bom rapaz, perdi meu anel e estou a procurá-lo há horas.
Comovido, o homem resolveu ajudar a velhinha a procurar o tal anel.
Procurou no jardim, moita por moita, planta por planta e duas horas depois, já exausto, perguntou:
- A senhora tem certeza de que perdeu seu anel aqui?
- Não - respondeu a velhinha - Eu o perdi dentro de casa, mas lá estava escuro para procurar.
Esta é uma bela maneira de mostrar como procuramos nossa felicidade. Geralmente não a procuramos dentro de nossa casa, ou seja dentro de nós mesmos, por ainda estar escuro, não nos conhecemos o suficiente, não colocamos tanta luz sobre nós quanto precisávamos. Fica mais fácil procurarmos a felicidade nos outros, no trabalho, no marido, na esposa, nos amigos. “Só serei feliz quando ganhar um aumento”. “Só serei feliz quando encontrar meu príncipe encantado”, “Só serei feliz quando meus filhos pararem de brigar”, “Só serei feliz quando o dólar cair”.
Tudo isso são fatores externos, nenhum interno. O universo todo tem culpa da sua infelicidade, menos você. É uma atitude até que cômoda, já que isso tira um belo fardo de responsabilidade das suas costas. Afinal não é fácil ser responsável pela própria felicidade. Existe até um certo romantismo em ser infeliz.
As outras pessoas transformam-se em fiéis depositárias de sua felicidade. Você deposita sua felicidade nos outros e só é feliz dependendo deles. Se  aceitam você, se gostam de você, se o acham bonito, ou pior, só é feliz se está com alguém “especial” (coloquei em aspas mesmo, pois o especial deveria ser você).
Uma outra maneira de transferir nossa felicidade para o outro é só se preocupar com a felicidade alheia. “Só sou feliz se você for feliz” ou “Só sou feliz se  fizer você feliz”, aumenta mais ainda a carga de responsabilidade depositada na outra pessoa, pois agora ela tem  que ser feliz do seu jeito e não do jeito dela, ou seja “a outra pessoa tem que ser feliz por você”. Tremendo erro.
Então: PARE AGORA DE PROCURAR A FELICIDADE FORA DE VOCÊ. Ela está dentro de você, e só você é responsável por ela, ninguém mais. Quando se procura a felicidade dentro de si mesmo, descobre-se um universo de coisas novas, novas possibilidades, aumenta-se a auto-estima, melhora-se a saúde. É fácil? Não, mas como tudo na vida requer um começo, comece hoje, com pequenos passos. Dê passinhos de bebê, devagar, um por vez. Descubra-se devagar. Comece a procurar o anel dentro de casa, no lugar certo, onde ele realmente está. Que tal lembrar de qualidades suas há tanto tempo esquecidas? Lembrar de como você era feliz na sua infância, onde a criança simplesmente é feliz por existir. Guarde esta lembrança na memória e traga-a para o presente quando você se sentir triste. Redescubra o prazer de uma boa gargalhada, de fazer aquele doce gostoso a que só você consegue dar o ponto, de ver uma flor que você plantou ficar cada vez mais bonita, de tomar um banho bem cheiroso. Pequenos prazeres aos quais quando você começa a prestar atenção, se tornam grandes, preenchem a vida. A beleza está nos detalhes, e estes formam o todo.
Fique feliz e comemore suas pequenas conquistas diárias. Dê a você mesmo presentes e momentos especiais. Por que você precisa de uma data especial para usar aquela roupa bonita? O dia de hoje não é especial? Por que esperar por uma visita ilustre para colocar sua melhor louça na mesa? Você e sua família não são ilustres? Você merece um lindo buquê de rosas, de você para você mesmo. Ou uma bela garrafa de vinho. Por que não? Matricule-se naquele curso que há tempos você quer fazer e está sempre adiando, vá ao cinema, coma pipoca, pule corda ou jogue bola com as crianças. Faça do seu jeito, descubra o seu jeito de ser feliz. Assuma a responsabilidade por você mesmo. A felicidade mora dentro de você.

Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

Deixa para depois.....



Ah, amanhã eu faço. Pra que pressa? Agora não estou afim. E vamos empurrando com a barriga...
Esta atitude, bem conhecida nossa, quando feita só de vez em quando não tem problema, afinal todos temos o direito a ter um pouco de preguiça. O problema surge quando o "depois eu faço" se torna um hábito. O nome para isto é procrastinação, palavra difícil para significar deixar para depois, transferir para outro momento, adiar.
Procrastinar é muito comum em adolescentes, pois ainda não tomaram as rédeas da própria vida, não assumiram a responsabilidade por si mesmos. Quantas mães se arrancam os cabelos tentando que seus filhos limpem o quarto e sempre escutam "depois eu faço". Até aí está tudo normal, por mais irritante que seja. Preocupante é quando a procrastinação invade a vida adulta e fica.
Jogar os problemas para frente, não resolvê-los, adiar tudo até o último momento traz sofrimento embora não pareça. A pessoa vive se culpando por ser assim, como deixou tudo para depois acaba ansioso, prejudica sua vida pessoal e profissional. Sua credibilidade fica abalada, pois como as pessoas poderão contar com quem está sempre deixando tudo para  a última hora?
Quem procrastina tem a esperança de que, se adiar bastante, o problema se resolverá sozinho. Procura uma saída mágica, pois assim evita a responsabilidade pelos seus atos. Como uma avestruz que acha que se esconder sua cabeça o mundo desaparecerá. Esta atitude pode provocar um alívio temporário, mas é só temporário mesmo.
Acontece que o problema, a tarefa ou seja lá o que foi adiado ainda continuará onde está, e não haverá varinha de condão que o faça sumir. O procrastinador sabe disso e gasta muita energia, tempo e ansiedade para adiar uma tarefa.
Vamos fazer um paralelo com a física. O conceito da inércia diz que uma massa em repouso tende a permanecer em repouso. Assim é necessário mais força para tirar esta massa da inércia do que para mantê-la. Assim podemos concluir que estar em inércia é estar em uma zona de conforto, então, no caso da procrastinação, adiando suas tarefas, o indivíduo fica em inércia, na sua zona de conforto. Percebam que esta atitude pode se tornar um círculo vicioso: o que foi adiado gerará ansiedade e o indivíduo tenderá à inércia novamente adiando mais alguma coisa para que entre novamente na zona de conforto; não tem fim.
O procrastinador pensa que a tarefa desaparecerá se ele fizer de conta que ela não existe, tem baixa tolerância á frustração, é imaturo, é perfeccionista e estabelece objetivos muito elevados para si próprio, fantasia demais, fica fixado em uma parte pequena do problema e não vê o todo, dá mais valor a tarefas menos importantes do que ás mais importantes, procura sempre agradar a todos, tem baixa auto-estima, depende sempre da aprovação do outro e não tem poder de escolha e decisão.
Mas nem tudo está perdido e este comportamento pode ser corrigido. Basta querer, mas querer mesmo. Procure se conhecer mais, um trabalho de autoconhecimento vai lhe revelar suas potencialidades e aumentar sua auto-estima. Organize-se o máximo que puder, tenha agendas e calendários sempre à mão. Estabeleça seus objetivos de forma clara e realista.
Estabeleça prioridades. Às vezes será necessário repartir as tarefas em partes menores para dar conta do recado. Faça isso. Permita-se errar e aceite-se como ser humano imperfeito como todos nós somos. Dê o primeiro passo e aja, sem pensar muito, senão não faz. Recompense-se quando conseguir realizar uma tarefa a contento. Respeite seu ritmo e não se cobre mais do que pode dar. Peça ajuda.
Comece agora. Não deixe para depois, que o depois não chega nunca.

Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

PENSAMENTOS


O que habita em nossos pensamentos? Qual é a qualidade do que pensamos?
Tome alguns minutos do seu tempo e examine, de forma honesta o que você pensa. Vamos lá, sem críticas, sem censura. O que você pensa? Vou dar algumas possibilidades:
1) Uma outra parte do nosso pensamento é tomada pelos "tem que": Tenho que fazer isso, tenho que fazer aquilo, tenho que ser boazinha, tenho que ser bem-sucedido, tenho que ser boa mãe, tenho que ser um paizão, tenho que, tenho que, tenho que, ... Essas obrigações nos são impostas desde pequenininhos, e crescemos achando que nunca somos bons o suficiente.
2) Quase que a totalidade dos nossos pensamentos são direcionados ao outro. Preocupações com os filhos, pais, marido, esposa, o trabalho, a escola, enfim, tudo o que está relacionado ao outro ou nos colocando em relação ao outro.
As preocupações que tomam grande parte de nossos pensamentos devem ser analisadas. De tudo com que você se preocupa, por quanto você pode, efetivamente, fazer alguma coisa? O que estiver nas suas mãos resolver - faça, não enrole, faça. Assim, será uma preocupação a menos para você pensar.
O que não for para você resolver delegue a outras pessoas. Se o problema não for seu, deixe para o dono resolver. A sua preocupação não ajudará em nada e você só está gastando energia à toa. Pergunte-se: isso é meu? Está em minhas mãos fazer alguma coisa? Se a resposta for não, aceite. O problema é que todos gostariam de ser super heróis e resolver os problemas do mundo, mas isso não é possível, por melhor que sejam as suas intenções. Você só pode ser responsável por sua vida, nunca pela vida do outro.
E existem problemas e preocupações em que nada pode ser feito, por ninguém. Então, o que nos resta fazer? A mais difícil e sábia lição de todas: aceitar, confiar e entregar. Se não existir a confiança, não haverá a entrega. Então confie que tudo caminhará para o melhor e se renda. A calma e a serenidade que tomarão conta de você, farão com que apareça a certeza de que tudo está certo do jeito que está.
3) Será que sobrou espaço nos seus pensamentos para você pensar só em você. É, você, como pessoa, com anseios, desejos, vontades, prazeres. Você como ser humano. Possivelmente isso nem passou pela sua cabeça. Então, está na hora. Livre seus pensamentos e reserve um pouquinho de espaço para você.
Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

Assertividade


Para melhor entendermos a assertividade, vamos pensar que existam três tipos de pessoas: Sr. Bonzinho, Sr. Bravinho e Sr. Assertivo.
O Senhor Bonzinho quase nunca consegue dizer o que pensa sente-se inferior e acha que as outras pessoas têm mais valor que ele. Permite que os outros sempre ganhem como forma de tentar ser aceito. Faz de tudo para agradar a todos, chega até a ser servil. Diz “sim” quando na verdade queria dizer “não”. Quando o momento pede uma posição mais direta, ou defensiva, só consegue pensar em uma resposta boas horas depois (a ficha só cai mais tarde). Foge de qualquer tipo de conflito. É omisso. Não diz claramente o que quer. Tem medo, é inseguro e ansioso.
O Senhor Bravinho coloca sempre seu desejo e sua vontade na frente das do outro. Autoritário. Não respeita os limites do outro e quer que sua vontade impere. Tem que ganhar de qualquer maneira, a vida para ele é uma competição onde só ele pode sair vencedor. Precisa sentir que domina a situação. Não ouve, interrompe e impõe sua opinião, chegando a gritar. Seu tom de voz é bem alto como forma de intimidar os outros.
O Senhor Assertivo é aquele que afirma algo com muita segurança. A qualidade de ser assertivo está diretamente ligada à auto-estima, pois quem é assertivo: – Acredita profundamente no que diz, transmite confiança pois confia em sua capacidade. – É espontâneo e calmo. Quem sabe de verdade não precisa impor suas idéias à força, elas fluem naturalmente. – Sabe dos seus direitos e dos direitos do outro. Trata a si mesmo com muito respeito, por isso consegue respeitar os outros. – Sabe seus limites e os respeita. – Não se deixa levar por chantagens, elogios e outras formas de manipulação. Tem plena consciência da sua capacidade e sabe que ela não vai aumentar nem diminuir dependendo da aprovação alheia. – É firme sem machucar ninguém. Sabe dizer o sim e o não. – Não permite que controlem sua vida, – É direto no que diz, fala de forma clara e com postura altiva, – É flexível, pois a rigidez é a arma do inseguro. – Olha nos olhos o outro quando afirma algo em que acredita, – Ouve o outro com muita atenção e não fica afobado para interromper e mostrar seu ponto de vista. Sabe controlar a sua ansiedade. – Tem menos estresse, – Fala sem rodeios, é sincero e não tem inibições, sem ser agressivo. – Discute o assunto, tenta negociar e entrar em um acordo onde todos os lados ganhem. – Diz claramente o que quer e o que não quer, não deixando dúvidas.
Algumas pessoas confundem o Sr. Assertivo com o Sr. Bravinho. Não são iguais de maneira alguma. Algumas pessoas agressivas se dizem assertivas, diretas ou verdadeiras demais. Talvez digam isso como forma de se desculparem pelo seu comportamento
Senhores Bonzinhos podem almejar uma forma mais rápida de serem assertivos e com isso escorregar para o lado agressivo. Colocam uma máscara de assertivo, e como esta não é uma mudança verdadeira, logo se vêem agindo de forma oposta ao seu jeito de ser.
Para se tornar assertiva a pessoa deve primeiro se conhecer bem, elevar sua auto-estima e só assim poderá agir de acordo com o que verdadeiramente pensa. Para desenvolver sua assertividade é preciso ter uma atenção plena. Estar alerta 24 horas por dia em suas atitudes e mudá-las aos poucos, só assim a mudança será efetiva
Tenha coragem e tente mudar sua postura, seu tom de voz, sua maneira de se expressar. Preste atenção ao que lhe faz bem e o ao que lhe faz mal. Ouça sua voz interior. Dê-se valor, só assim você poderá se defender com convicção, pois nós só conseguimos agir em favor daquilo que realmente acreditamos. Assertividade aparece com treino e conforme você for praticando, notará que sua auto-estima, seu respeito próprio também melhorará.
Fonte: Maria de Fátima Hiss Olivares

ESTRESSE X MANIA DE PERFEIÇÃO



As pessoas que exigem demais de si mesmas, muito organizadas, meticulosas e detalhistas acabam exigindo também muito das pessoas com quem se relacionam.
Geralmente vieram de famílias também perfeccionistas ou que os criticaram muito na infância, então tentam na idade adulta serem cada vez melhores e não aceitam errar nunca.
Têm muito medo de errar e este erro ser apontado pelos outros, então cobram de si mesmos uma perfeição que não existe. Possuem um autojulgamento muito severo. Não existem para ele várias maneiras diferentes de olhar para o mesmo ponto, o mundo do perfeccionista se encerra em somente certo e errado, segundo suas convicções.
Têm uma rigidez de caráter e não sabem lidar com divergências inesperadas Para não se sentirem assim tentam sempre ter tudo nas mãos. Procuram maneiras de controlar tudo e todos à sua volta para que possam se sentir em plena segurança, onde o fator surpresa não tenha vez. Falham nesta tentativa, pois a vida é totalmente inesperada e, imprevistos acontecem todos os dias.
Então o perfeccionista está sempre alerta e não tem sossego.Liga-se à detalhes que para as outras pessoas passariam desapercebidos e não seriam relevantes. Tudo tem que sair do jeito que imaginaram que deve ser e não do jeito que as outras pessoas querem.
Não conseguem ser plenamente calmos, pois passam o tempo todo numa exigência constante que gasta muita energia. Não aceitam críticas nem reprimendas, pois acham que já que fazem tudo da maneira mais correta possível, não merecem críticas e sim elogios.
Sofrem com a insegurança destes momentos, mas a saída mais fácil para voltarem a se sentir seguros é sempre lembrar desta crítica à pessoa que os criticou e em seguida apontar uma série de defeitos que anotaram mentalmente desta pessoa.
É fácil notar que não é fácil conviver com um perfeccionista, pois sempre estão em posição de alerta e suas rigidezes não o deixam curtir a vida. Tudo sempre tem algo de errado e ele não consegue deixar de apontar.
Isto pode se transformar em doença, então é bom procurar ajuda o quanto antes .Estas pessoas podem desenvolver sintomas de estresseansiedade ou transtorno obsessivo compulsivo.
Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga Clínica