quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Deixa para depois.....



Ah, amanhã eu faço. Pra que pressa? Agora não estou afim. E vamos empurrando com a barriga...
Esta atitude, bem conhecida nossa, quando feita só de vez em quando não tem problema, afinal todos temos o direito a ter um pouco de preguiça. O problema surge quando o "depois eu faço" se torna um hábito. O nome para isto é procrastinação, palavra difícil para significar deixar para depois, transferir para outro momento, adiar.
Procrastinar é muito comum em adolescentes, pois ainda não tomaram as rédeas da própria vida, não assumiram a responsabilidade por si mesmos. Quantas mães se arrancam os cabelos tentando que seus filhos limpem o quarto e sempre escutam "depois eu faço". Até aí está tudo normal, por mais irritante que seja. Preocupante é quando a procrastinação invade a vida adulta e fica.
Jogar os problemas para frente, não resolvê-los, adiar tudo até o último momento traz sofrimento embora não pareça. A pessoa vive se culpando por ser assim, como deixou tudo para depois acaba ansioso, prejudica sua vida pessoal e profissional. Sua credibilidade fica abalada, pois como as pessoas poderão contar com quem está sempre deixando tudo para  a última hora?
Quem procrastina tem a esperança de que, se adiar bastante, o problema se resolverá sozinho. Procura uma saída mágica, pois assim evita a responsabilidade pelos seus atos. Como uma avestruz que acha que se esconder sua cabeça o mundo desaparecerá. Esta atitude pode provocar um alívio temporário, mas é só temporário mesmo.
Acontece que o problema, a tarefa ou seja lá o que foi adiado ainda continuará onde está, e não haverá varinha de condão que o faça sumir. O procrastinador sabe disso e gasta muita energia, tempo e ansiedade para adiar uma tarefa.
Vamos fazer um paralelo com a física. O conceito da inércia diz que uma massa em repouso tende a permanecer em repouso. Assim é necessário mais força para tirar esta massa da inércia do que para mantê-la. Assim podemos concluir que estar em inércia é estar em uma zona de conforto, então, no caso da procrastinação, adiando suas tarefas, o indivíduo fica em inércia, na sua zona de conforto. Percebam que esta atitude pode se tornar um círculo vicioso: o que foi adiado gerará ansiedade e o indivíduo tenderá à inércia novamente adiando mais alguma coisa para que entre novamente na zona de conforto; não tem fim.
O procrastinador pensa que a tarefa desaparecerá se ele fizer de conta que ela não existe, tem baixa tolerância á frustração, é imaturo, é perfeccionista e estabelece objetivos muito elevados para si próprio, fantasia demais, fica fixado em uma parte pequena do problema e não vê o todo, dá mais valor a tarefas menos importantes do que ás mais importantes, procura sempre agradar a todos, tem baixa auto-estima, depende sempre da aprovação do outro e não tem poder de escolha e decisão.
Mas nem tudo está perdido e este comportamento pode ser corrigido. Basta querer, mas querer mesmo. Procure se conhecer mais, um trabalho de autoconhecimento vai lhe revelar suas potencialidades e aumentar sua auto-estima. Organize-se o máximo que puder, tenha agendas e calendários sempre à mão. Estabeleça seus objetivos de forma clara e realista.
Estabeleça prioridades. Às vezes será necessário repartir as tarefas em partes menores para dar conta do recado. Faça isso. Permita-se errar e aceite-se como ser humano imperfeito como todos nós somos. Dê o primeiro passo e aja, sem pensar muito, senão não faz. Recompense-se quando conseguir realizar uma tarefa a contento. Respeite seu ritmo e não se cobre mais do que pode dar. Peça ajuda.
Comece agora. Não deixe para depois, que o depois não chega nunca.

Maria de Fátima Hiss Olivares - Psicóloga Clínica

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