Um
bom termômetro para medir se o relacionamento anda bem é a sensação de “amor
suficiente ou insuficiente”.
Perceba
se você passa mais tempo reclamando do companheiro(a), ou ele de você, do que
trocando carinhos. As reclamações podem ser por ausência, falta de beijos e
abraços, sexo frio, ausência de romantismo, esquecimento de datas importantes, apatia
do outro, etc. Infelizmente, em alguns casos, as reclamações podem ser pelas
constantes brigas e agressões (emocionais, morais e até físicas) que pioram a
cada dia.
Quando
reclamamos, estamos reivindicando, pedindo ou implorando por algo que nos é de
direito.
Com
a relação esfriando, você pode entrar em desespero e fazer coisas que seriam
até degradantes para você só para chamar a atenção do parceiro(a):
·
Torna-se incapaz de negar algum pedido, mesmo que você não
esteja afim de fazer.
·
Submete-se a críticas calado(a)
·
Não se defende com medo de piorar a situação
·
Abre mão de atividades importantes para você em nome do bem
estar da relação
·
Presenteia o parceiro(a), faz a comida preferida dele(a),
pensa o dia todo em formas de agradá-lo(a), tudo por medo de perder o amor e
não de uma forma espontânea para agradar o outro.
·
Aceita fantasias sexuais do parceiro que vão contra sua
vontade
·
Cada pequena porção de atenção passa a ser recebida como um
prêmio
Isso
se chama “mendigar carinho”. É colocar-se na horrível posição de mendigo, implorando
um pouco mais de afeto e atenção para poder sobreviver. Pede por migalhas.
A
constatação de que talvez o amor deixou de existir ou diminuiu com o tempo é
muito difícil. Fere o orgulho e a autoestima, que certamente já são precários.
Então, o caminho fica aberto para um coração roto, exposto, maltrapilho se
colocar na posição de pedinte. Vamos concordar que a idéia de mendigar nos
remete à humilhação e carência.
Quem
está mendigando carinho colocou a sua relação amorosa como o principal foco de
sua atenção, e receber este amor pode ser a única fonte de sustento emocional. Como
um alimento que, na falta deste, ela fica faminta implorando por comida.
Nossa
atenção deve ser dividida entre a família, trabalho, amigos, hobbys, saúde, fé,
crescimento pessoal, dons, e tantos outros focos que nos fazem crescer.
Recebemos alimento emocional de todas estas fontes.
Todas
as outras pessoas que fazem parte da vida da pessoa, e que seriam importantes
para dar e receber carinho sincero, são deixadas de lado, como os filhos e a
família. O foco torna-se um só: a obtenção daquele amor específico. A relação
amorosa é somente uma parte de nossas vidas, não pode ser a única.
Mendigar
carinho torna a pessoa dependente, vulnerável e cega, podendo até
transformar-se em obsessão.
Mendigar
amor reduz cada vez mais a admiração e o respeito próprio.
Depender
somente de uma fonte externa de amor enfraquece. Ninguém pode dar o alimento
que a própria pessoa deveria estar se dando, pois o amor que ela sente falta é
aquele que ela mesma não se dá.
Por
trás deste pedido de atenção existe a tentativa de fazer o outro voltar a
amá-lo(a).
Mas
e se o outro deixou de amar?
Não
é possível obrigar alguém a sentir amor. Este controle ninguém tem nas mãos.
Você
pode fazer a sua parte doando carinho e atenção á relação, esforçando-se para
que os dois possam entrar em sintonia novamente, mas não pode forçar os
sentimentos da outra pessoa. Você pode cuidar da sua felicidade, e isto
refletir na relação. Se você estiver feliz, por você mesmo, se tornará uma
pessoa muito agradável de conviver.
Maria de Fatima Hiss Olivares - Psicologa