quinta-feira, 9 de junho de 2016

A OBRIGAÇÃO DE SER FELIZ



Hoje, a exigência do mundo é que sejamos felizes 24 horas por dia. Somos praticamente obrigados a viver sorrindo, correndo de braços abertos em um campo verde coberto de margaridas. Somos bombardeados por todos os lados por esta cultura da “felicidade já”. Propagandas, novelas, palestras, livros, cursos, tudo dando fórmulas rápidas e práticas de ser feliz.
Mas a realidade não funciona desta maneira. E quando nos deparamos com os problemas cotidianos, as frustrações, as dores e as tristezas naturais da vida, pensamos que estamos errados, que não aprendemos direito as lições dos gurus da auto-ajuda, super motivados, que repetem a palavras “ empoderamento” e “pró-ativo “a cada cinco minutos.  Enfim, a culpa é nossa por estar vivendo a vida de verdade.
E na vida real, nós experimentamos ciclos de várias emoções e sentimentos no mesmo dia. Isso é viver. A vida é dinâmica, acontecendo coisas distintas o tempo todo, exigindo de nós todo tipo de reações: Acordamos bem, e queimamos a língua com o café quente (ficamos com raiva), fomos para o trabalho e ganhamos um fiu-fiu na rua (coramos de vergonha). O chefe estava num dia péssimo(sentimos medo e apreensão ), na hora do almoço sua amiga alugou seu ouvido para falar mal de alguém (acabou com sua paciência, te irritando). Você recebeu um telefonema da sua sobrinha de 3 aninhos (e se encheu de ternura e amor). Voltou pra casa e descobriu um enorme vazamento de água na cozinha que alagou tudo (ódio instantâneo).
Ser feliz é uma construção pessoal, nunca uma obrigação. Ela tem o momento dela, assim como todos os outros sentimentos.
É urgente nos livrarmos desta obrigação (insana) de ser feliz o tempo todo. Não precisamos esperar um momento extremo da vida, como a perda de um ente querido, para, perceber a nossa fragilidade e a realidade que nos chama para sentir somente dor naquele momento. E é só isso que você vai sentir: dor e tristeza. Por mais livros de auto-ajuda que tenha lido, por mais palestras motivacionais que tenha ido, por mais que tenha feito.
O medo de entrar em contato com os sentimentos ruins é que faz com que tanta gente procure alívio nesta cultura de felicidade imediata.
A vida é feita de muitos sentimentos ruins, e isso é muito bom. Sentir tristeza ou melancolia é nutritivo, te faz entrar em contato com seus sentimentos mais profundos. Te leva a uma introjeção, ao passo que a alegria te joga para a extroversão. Somos sombra e luz, simultaneamente.

Aceitar isso já dá paz. E isso é o suficiente para o momento.