quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

RÓTULOS



Quando você vai a um supermercado para comprar coisas que faltam em sua casa você pega um carrinho e anda calmamente pelos corredores procurando os produtos que deseja? Ok, até aqui tudo bem. Mas suponhamos que você entre no corredor das latarias e conservas procurando extrato de tomate e constata que todas as latas estão sem rótulos. E aí? Como você vai escolher? Como vai saber o que tem dentro das latas?


O rótulo serve para indicar, dar nome e informações sobre o produto que se encontra dentro daquela embalagem. Necessitamos dar nomes às coisas para que possamos entendê-las. Tudo tem um nome. Eu tenho um nome, você tem um nome.


Mas além do nome é comum colocarmos rótulos nos outros. E aqui começa o problema.


Ah, fulano é médico, sicrano é empresário, o rapaz ali é gay, ah, aquele é milionário, aquelazinha ali é a amante do milionário. Tudo isso são rótulos.


A pessoa passa a ser somente aquilo ali. Ninguém vê mais nada, só o que o rótulo mostra. Ninguém quer conhecer o que tem por detrás dessa visão tão pequena.


Por exemplo, se o médico da família, tão sério no trabalho, é visto num baile de carnaval dançando e se divertindo, causa espanto à primeira vista.


Esta atitude não condiz com o rótulo. Pois bem, ser médico é só uma pequena fração da sua existência. Ele é um ser humano, marido, filho, pai, irmão, amigo, ora brincalhão, ora sério, ... e não é somente um médico 24 horas por dia. Então, estreitar o entendimento a respeito de uma pessoa vendo-a somente por um ângulo, faz com que não percebamos o potencial maravilhoso e infinito que se encerra nessa criatura. È como enxergar uma paisagem pelo orifício de um canudinho.


Tanto rotulamos as pessoas pelas profissões que tem, quanto pelas crenças religiosas, opções sexuais, estado civil, "pecados" que cometeu, e por aí vai.


Depois de rotular, o próximo passo é "preconceituar". Se a pessoa tem um rótulo diferente do que você aceita, é vista como diferente, e não importa que possua outras qualidades e virtudes, pois estas não serão vistas. A pessoa é o rótulo, e mais nada.


Pense bem, será que vale a pena?


Rótulos ficam bem em supermercados. Homens e mulheres devem ser vistos como uma totalidade: é corpo, alma, mente, espírito, relações, sentimentos, talentos, aspirações, intuições, enfim é um ser humano com toda a sua maravilhosa complexidade.


Maria de Fátima Hiss Olivares
Psicóloga clinica

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